quarta-feira, 4 de junho de 2008

Existes Agora


Só tu
sem adornos
de encontro à calçada molhada
testemunha delatora das tuas investidas
numa manhã mais real que as outras

Só tu
com o cabelo em desalinho
em tons de violeta distinção
numa cidade-ruína
de onde desertaram
todos os protagonistas

Só tu desta vez
sem o apoio da pertença
a anestesiar os teus sentidos
sem o fumo e o licor
dos recantos da noite anterior
surge forma de apreciar melhor
o propósito-acidental de tudo isto
tudo quanto existe ser visto
tal qual como é

E quando por fim inevitável
o tremor da multidão habitual
perturbar teu tempo

segues blindado
em pensamento...


Antes de mais nada,
este mundo também é Teu.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem Joel, fizeste-o outra vez. É sempre bom visitar este cantinho, com a certeza de que se sai mais cheio do que quando se entrou... cheio de qualquer coisa que não se explica mas que se sente. Quente, intímo, crú... é esta a minha infrutífera tentativa para defInir o indefinido. Beijo

Vidal